terça-feira, 25 de janeiro de 2011

|::| Os limites da busca por saber

Não sei em que momento uma certa vontade de saber passou a fazer parte do conjunto de características que compõem quem que eu tenho sido. Talvez, para mim, perceber que com frequência respostas simples eram pouco efetivas em me deixar satisfeito, tenha me causado o incômodo que me levou a procurar por respostas significativas. Passei pelas perguntas do tipo "o quê?", para as perguntas "como?" e cheguei também àquelas mais complexas como as do tipo "por quê?" ou até "para quê?", sempre motivado pela crença, tão enraizada na cultura em que minha personalidade foi construída, de que saber mais é bom e quanto mais, melhor.

Desde as perguntas que me levaram a dar nome às coisas e até descrevê-las, até as perguntas que levariam a uma compreensão mais ampla dos sentidos e propósitos, sempre estive diluindo o meu tempo na análise das tantas respostas possíveis. Vejo, não há muito tempo, que para um grupo grande de perguntas há quase tantas respostas possíveis quanto há pessoas no mundo. Não que eu devesse esperar algo de diferente, afinal, não é de hoje que sei que nada mais natural do que haver tantas respostas, dado que são resultado dos conjuntos absolutamente individuais de percepções, experiências e aprendizados dos seres humanos. E nem preciso ser um antropólogo para saber que cada conjunto único de experiências produz um ser humano único. Único em percepções, em redes de conexões de significado, em julgamentos, em experiências e, por que não, em respostas.

O que nos confunde e atormenta é conviver com essas tantas respostas possíveis. E mais que isso, vivermos cercados por comportamentos forjados no interior de agrupamentos de respostas diferentes das nossas. Quantas vezes nos pegamos surpresos e incomodados com atitudes tão estranhas, tão incômodas e até respulsivas - todas resultantes de visões de mundo muito diferentes das nossas?

Mas é interessante notarmos que no meio de tanta diferença há também tanta coisa em comum. Nossas buscas por sentido, as perguntas que fazemos e as respostas que escolhemos ter podem ser muito diferentes, mas todos somos marcados por uma certa fragilidade emocional, mais evidente em alguns de nós do que em outros, que nos torna, de certa forma, muito amáveis. E olhando para os seres humanos e todas as suas inconstâncias, e egoísmos, e virtudes, e fraquezas, e para aquilo tudo que está entre o bom e o ruim, percebo que somos todos tão cúmplices dessa nossa existência. Fica um pouco difícil não enxergar o ódio, o ressentimento, o egoísmo e os preconceitos como o resultado das inúmeras ilusões sob as quais nos escondemos.

Nós nos escondemos das verdades mais reveladoras e agimos como se estivéssemos isolados do universo, sozinhos. Como se o fato de sermos, cada um de nós, seres únicos, condenasse todos os humanos à solidão e ao estranhamento. Escondemo-nos das verdades mais reveladoras frequentemente buscando saber de tantas coisas que nem precisaríamos saber.

Após tanto procurar respostas e tanto acreditar que saber mais é sempre melhor do que saber menos, tenho desconfiado de que caminho para a crença de que, pelo menos para mim, faz mais sentido saber julgar que verdades e que conhecimentos são mais importantes para que meu equilíbrio e a minha saúde emocional sejam mantidos. Chego à conclusão paradoxal de que embora a busca por saber esteja na base de quem eu sou, não quero saber tudo agora. Quanto mais vivo e mais reconheço a fragilidade da minha consciência, mais percebo que algumas poucas verdades são bastante suficientes, e que muito do que quero saber decorre de uma curiosidade infantil, pouco produtiva, pouco segura.

Talvez, a sabedoria que tanto perseguimos vem de sabermos articular o conhecimento das coisas com o conhecimento de nós mesmos para podermos julgar bem com que verdades estamos prontos para lidar. Para sabermos julgar quais são os limites para o nosso conhecimento.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

|::| Algo assim

Olho para fora e vejo que todos estão ocupados procurando não parar. Evitando o silêncio porque sabem que ele traz a percepção de que caminham meio que ao léu, sem sentido, sem propósito, sem motivos. Há também quem dedica a vida à busca por sentido, ou vasculhando as bibliotecas e lotando os templos e igrejas, ou procurando experimentar tudo o que excita os sentidos e altera a mente. Todos, sem exceção, conscientes ou não, procuram algo que os faça sentir que, afinal de contas, viver não é qualquer coisa. Mas e se for?

Ser qualquer coisa não é pouca coisa, não, ainda mais quando estamos nos referindo à vida. Ela que é tão complexa, cheia de mistérios, de encantamentos, de reviravoltas e surpresas. Talvez nosso grande desafio seja nos darmos conta de toda essa falta de propósito e permanecermos sãos o suficiente para construirmos algum enquanto driblamos o medo e todas as falsas percepções que ele implanta em nossa mente. Mente, aliás, muito mais frágil e dominada por emoções instáveis do que estamos prontos para assumir.

É, posso dizer que até onde a minha compreensão vai neste ponto da minha vida, enxergo a busca por sentido, o medo e a instabilidade. Seria desolador se eu não percebesse também que a estranha combinação disso tudo gera algo de interessante, algo de bom. Algo de convidativo.

E essa é a vida, da forma como eu a percebo agora: um convite. Um convite a mais vida. Um convite a continuar nessa oscilação maluca entre fragilidades, entre surpresas e mistérios. E me sinto até um pouco bobo de falar de algo tão grandioso.

domingo, 9 de janeiro de 2011

|::| Das mudanças

Ano recém iniciado. Tantas resoluções e decisões para o novo ano, certo? A virada é como que um marco, um ritual esperado, através do qual você acredita que sua mentalidade será tão radicalmente transformada ao ponto de gerar em você um novo comportamento no momento em que os ponteiros transitarem das 23:59 para as 00:00 do dia primeiro, como uma espécie de mágica.

Essa história, que se repete anualmente, é bastante irônica, talvez por ser triste e engraçada ao mesmo tempo. Triste porque as resoluções feitas se provam completamente impraticáveis logo que o ano se inicia. E engraçada porque um ano depois você volta a acreditar. Volta a acreditar que mudanças acontecem num passe de mágica. Volta a acreditar que é mais forte e resoluto do que você realmente é. Volta a acreditar que é possível acreditar...

Todos têm seus sonhos e esperanças para o novo ano. Tenho os meus também. Alguns eu manterei só para mim, outros dizem respeito a este blog.. Quero conseguir postar mais. Mesmo já tendo me prometido isso muitas vezes, considerando que desde o ano de 2000 mantenho um site pessoal na internet com o objetivo de compartilhar meus textos, continuo acreditando. De qualquer forma, algumas mudanças já aconteceram. E tenho algumas novidades:

A primeira delas, é que estou migrando o blog para um novo endereço:http://semeusouvidosfalassem.blogspot.com Como verão, além de um novo endereço, o blog também está com uma cara nova. Não muito nova, eu confesso, mas sofreu algumas plásticas e recebeu alguma maquiagem... Acho que ele andava meio pálido nos últimos tempos.

A segunda novidade é que agora o blog tem uma página no Facebook (por favor, curtam!!!). O objetivo é criar uma certa dinâmica entre as pessoas que têm acompanhado o blog. Nem sempre (na verdade, quase nunca) consigo responder aos comentários que são feitos no blog. Espero que através da página no facebook eu consiga interagir mais.

A terceira novidade... e ela tem tudo a ver com a criação da página no Facebook, é que após alguns anos, tenho a suspeita de que estou voltando a querer opinar. Passei muito tempo quieto, falando só do meu "mundo interior", sem expor muito as minhas opiniões por estar bastante cético a respeito da utilidade delas. Por isso, a página no Facebook será muito interessante para debatermos algumas idéias.

Basicamente, por enquanto, é isso. Espero que curtam essa nova fase do blog!

=D