sexta-feira, 2 de março de 2012

|::| Do corte de cabelo

E então eu estava lá, cortando o meu cabelo. Ou melhor, eu estava lá no Soho da Vila Mariana, observando, pelo espelho, o Abel cortando (muito bem, aliás) o meu cabelo (momento merchandising). Percebi algo que mudou a minha vida. Ou, pelo menos, mudou a minha vida no dia de hoje. Vi que meus fios de cabelo pretos estão desaparecendo numa velocidade bem maior do que os fios brancos estão surgindo. Isso quer dizer que talvez eu não fique um grisalho charmoso como o meu pai Gumercindo, pois provavelmente eu serei careca.

Entendem o impacto disso? O tempo está passando. Inevitavelmente a percepção do envelhecimento chega. E às vezes ela chega com força. Recentemente tive até que alterar a descrição do meu blog... Antes era algo como "um cientista social baboseiro de seus vinte e poucos anos em busca das perguntas para as grandes respostas da humanidade". Alterei para "vinte e muitos". E daqui a poucas semanas estarei a um ano de ingressar na casa dos trinta.

Não sei como será daqui para lá. Se terei crises, se quererei implantar cabelos, fazer lipos e aplicar botox, ou comprar carros esportivos que me deem a sensação de que sou um jovenzinho à procura de adrenalina. Realmente não sei. O que sei é que até aqui eu tenho procurado manter uma perspectiva positiva das coisas... E acho até que não tem sido muito difícil. Há coisas que realmente melhoram com o tempo. Posso até citar algumas. Por exemplo, lembram dos vestibulares? Então, já foram. Lembram da expectativa sobre o primeiro trabalho? Já passou. Lembram daquele yakisoba gorduroso de rua preparado com higiene duvidosa e do bandejão da universidade? Passaram. Com o tempo podemos até nos dar ao luxo de gastar mais de 2 reais por refeição. Isso é incrível, certo?

Realmente, o tempo mostra que muita coisa pode piorar e depois melhorar, e piorar de novo, e melhorar muito. Todos esses altos e baixos podem trazer um pouco de segurança. Segurança de que de vez em quando uma coisa ou outra pode fazer sentido. Nesses momentos a gente sente que está no caminho certo. A gente sente que apesar de tanta porcaria por aí, existe espaço para a construção de relacionamentos saudáveis, para ações que geram o nosso crescimento e consequentemente o crescimento dos grupos em que nos inserimos. Vale a pena procurar ser aquilo que esperamos que os outros sejam. Isso é bom, afinal, até onde vejo, poucas coisas trazem tanta satisfação quanto a visão de que por meio da nossa ação podemos deixar as coisas um pouco melhores do que estavam quando chegamos aqui.

Enfim, esse foi o primeiro post do ano. Eu sei que ele demorou para chegar, mas finalmente chegou. E estou muito feliz por isso. Muito feliz. Mesmo.

Feliz 2012!