sexta-feira, 25 de março de 2011

|::| Sobre as tantas crueldades possíveis

Eu considero inocente dizer que precisamos acabar com o preconceito e a intolerância, pois acredito que estes façam parte da forma como a nossa mente funciona. Mas, considero, no mínimo, uma baita preguiça deixarmos que eles se manifestem livremente, como se fossem intocáveis à razão, à reflexão e ao julgamento. Se não houvéssemos minimamente aprendido a contornar algumas de nossas emoções lá no passado longínquo, a vida em sociedade não existiria.

A História está repleta de eventos que deveriam nos tornar mais sensíveis à possibilidade de que inevitavelmente nós nos enganamos a respeito dos nossos julgamentos. E, frequentemente, esses enganos fazem com que um número grande de pessoas pague um alto preço. Já se pensou que as mulheres fossem inferiores (sim, e nem faz muito tempo, acreditam?) Já disseram que os índios não possuem alma e, portanto, poderiam ser escravizados ou mortos, sem qualquer problema. Já disseram até que a cor da pele determina se alguém é melhor ou pior, mais ou menos capaz e inteligente. E, repito, nem faz muito tempo que essas coisas eram tomadas como completas verdades. Ainda hoje encontramos resquícios dessas crenças. Ainda hoje encontramos crueldades herdadas por causa de julgamentos pouco refletidos, pouco pensados.

A pergunta é: quanto nós realmente temos refletido sobre nossas posições a respeito da vida humana?

Aparentemente, ainda pouco. Quando vejo uma notícia de que um deputado federal recebeu ameaças de morte por defender leis que procuram garantir alguns direitos a uma parcela significativa da sociedade, realmente vejo que há muito a ser aprendido por todos nós.

A respeito da notícia sobre o deputado Jean Wyllys e sua luta pelos direitos de homossexuais e transgêneros, o que me parece ainda mais preocupante, é que as ameças que ele recebeu possuem um forte teor "religioso". Não precisamos ser grandes conhecedores da História para sabermos que dentre todos os preconceitos pouco pensados, alguns dos mais cruéis são os que se escondem sob uma obviamente equivocada interpretação do que vem a ser "a vontade de Deus". Quantas pessoas já foram mortas e perseguidas em nome de algum deus? Aprendemos nada com tudo o que já aconteceu no mundo? Inquisição, ditaduras, nazismo... realmente não aprendemos nada?

"Em nome de Deus você merece morrer" foi uma das ameaças recebidas pelo deputado, vindas de pessoas que se declaram "evangélicas". Daí eu me pergunto: se a base da mensagem evangélica é o amor, que amor é esse que está movendo a vida dessas pessoas que se dão o direito de declarar quem deve ou não morrer? E pior, fazendo isso em nome de Deus?

Ainda há muito a avançarmos quanto a várias questões. E as mais complicadas são as que se misturam a crenças e valores descuidados e pouco pensados. Cada um de nós é responsável por este mundo, embora seja muito mais fácil entregá-lo aos políticos, aos líderes religiosos ou aos deuses que cultuamos. Afinal, nós não queremos nos comprometer. Não queremos assumir responsabilidades, certo?

Fingimos que nada disso nos diz respeito para depois podermos sentar, com a consciência "limpa", com nossos amigos e familiares e reclamarmos do mundo e de como as coisas vão mal por aqui....

Ah, e a culpa, é claro, nunca é nossa.

quarta-feira, 23 de março de 2011

|::| Por onde anda Kelson Fernandes?

Algum tempo atrás, verifiquei pelo Google Analytics, que algumas pessoas haviam descoberto este meu humilde projeto de blog através do sistema de busca do Google. Fiquei intrigado, curioso quanto às palavras que eram inseridas na pesquisa. Descobri, para infelicidade do meu ego que estava quase se inflando, que muitos chegavam aqui simplesmente por digitarem "lagartixa" no Google. Ou seja, graças à Tíxia (quem não a conheceu, clique aqui e aqui) o meu blog recebeu algumas visitas extras...

Mas o mais interessante é que algumas pessoas realmente chegavam ao blog procurando por "Kelson Fernandes". O que mais me intrigou foi que alguns escreveram "por onde anda Kelson Fernandes?" no Google.

É um pouco perturbador imaginar que há pessoas que não conheço que estão curiosas por saber por onde eu ando. Na verdade, nem sei se elas realmente estavam me procurando, já que poderiam estar em busca de qualquer outro "Kelson Fernandes". Mas o fato é: pessoas comentam e ficam curiosas por saber da vida de outras pessoas. Para mim, esse fato não é novidade, mas nem por isso eu deixo de me intrigar cada vez que alguém comenta a minha.

Como a maioria de vocês sabe, durante cerca de 8 anos cantei num grupo musical de uma igreja Cristã, e se procurarem por mim, vão me encontrar no youtube. Nesses anos, fiz vários amigos que me acompanham pessoalmente ou virtualmente até hoje (aliás, muitos acompanham este blog e eu agradeço o carinho). Há diversas e variadas razões pelas quais me desliguei do grupo, e uma das principais é, para a decepção dos caçadores de fofocas, muito simples: quando retornei ao grupo em 2004, planejei que ficaria apenas mais 3 anos.. Acabei ficando 5 anos. Depois disso, meu plano era me dedicar a outras atividades. E foi assim. O grupo exigia dedicação e compromisso, e como em relação a todos os compromissos que assumo, para mim não faria sentido estar em algo sem me dedicar completamente. Sabendo que não conseguiria dedicar sempre o mesmo tempo que eu vinha dedicando, escolhi sair e abrir espaço para que outras pessoas participassem.

Foi uma época excelente, mas que passou. Ainda recebo muitos convites nas redes sociais para ingressar na lista de amigos de pessoas que me conhecem do grupo. Mais cedo ou mais tarde, acabo aceitando, mas um pouco incomodado com o fato de que muitos chegam com expectativas irreais a meu respeito.

Neste blog, exponho muito do que eu penso e de quem eu sou. Muitas das minhas opiniões são polêmicas em alguns grupos. Desde o que penso a respeito do que é música religiosa e quais os limites (ou a ausência deles) entre o que o religioso e o profano, até posições relativas à política, aos direitos homossexuais, às cotas em universidades, etc. Quem tem estado perto de mim ao longo dos anos, sabe que sempre questionei algumas coisas. Entretanto, talvez por eu ser um grande defensor da diplomacia, do respeito e da paz, acabo expondo minhas opiniões de uma forma aparentemente não tão firme.

Anos atrás, eu cheguei a participar de discussões infinitas sobre questões polêmicas. Com o tempo, percebi que a melhor forma de demonstrar o sentido de minhas idéias é vivendo de acordo com elas e deixando que as pessoas que me cercam tirem suas próprias conclusões. Acredito que esteja funcionando bem e posso me considerar uma pessoa bastante abençoada por estar cercado de amigos muito especiais, que são o fundamento para que eu dê novos passos rumo aos planos e sonhos que vou construindo ao longo do tempo.

E um desses planos, é expor de forma mais clara, e talvez até um pouco combativa, algumas das coisas em que acredito. Algumas das minhas opiniões. Opiniões que foram formadas ao longo de toda a minha vida e que são significativas para mim.

Espero que curtam a nova fase deste blog =D

Para concluir, preciso contar essa para vocês, porque foi a melhor de todas as fofocas sobre mim.... Ouvi dizer que eu, o Kelson, parei de cantar porque me tornei alcoólatra e vivo nas ruas, dormindo nas sarjetas. Isso me faz pensar: "poxa, trabalho um monte, pago uma quantia considerável pra viver aqui no meu lar, doce lar, e as pessoas acham que eu durmo em qualquer calçada por aí?!".

Não sei por onde anda o "Kelson Fernandes", mas eu costumo andar pelas calçadas e atravessar as ruas pela faixa de pedestres. Afinal, a minha vida é muito valiosa para mim.