Sabendo que alguma coisa mudara, ele fecha a porta atrás de si e acende as luzes da sala. Observa aquele silêncio. A solidão. O vazio. Seu sofá, sua televisão, seu videogame. Seus objetos, seus livros. Tudo, sem exceção, um amontoado de pequenas coisas que compõem seu lar. Mas hoje, ele não sente como se ali fosse realmente seu lar. Sente-se estranho. Sente-se fora de contexto. Sente-se fora de si.
Fecha seus olhos e se transporta a horas antes. Tudo ainda está tão nítido em sua memória que ele é capaz de sentir o cheiro, o gosto, o calor e a textura. Horas antes ele sabia bem o que queria e para onde estava indo. Agora, ele é apenas capaz de pensar naquele beijo. Não vê nada diante dele, exceto um desejo inexplicável, com o qual ele ainda luta para se manter sob controle.
Esforça-se para manter-se no chão. Para manter-se nele mesmo. Mas já é tarde. Logo será dia novamente, e ele verá que há nada a fazer. Ele já não é dele. Ele já não é mais só ele. Algo de milagroso e surpreendente aconteceu durante aquele beijo. Sua lógica e raciocínio são incapazes de lhe dar explicações satisfatórias. Ele sabe o que quer, mas não entende o porquê de seu desejo.
Ele ainda não sabe que está apaixonado. Mas com o tempo, vai descobrir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário